terça-feira, 27 de abril de 2010

SILÊNCIO


Silêncio: lugar de encontro.
Silêncio: recinto sagrado.
Silêncio: abertura para o outro.
Silêncio: ironia do ser.

Eu, um ser entre muitos,
Voz abafada pela turba,
Consciência diminuída pelos sons externos,
Necessidade desesperada de “auto-encontro”.
Encontro no silêncio
O caminho para mim,
Para o “eu” desnudado,
Silenciado pelo impulso de interagir.

Eu, um ser para O Ser,
Existência voltada para o Alto,
Consciência expandida pelos sons inaudíveis,
Resistência declarada às vozes do desencontro.
Encontro no silêncio
O Caminho para Deus,
Para o templo sagrado,
Trancado para os reféns dos sentidos.

Eu, um ser para o tempo,
Vida forjada na história,
Alma gregária, avessa aos desencontros,
Parte que falta às partes no mundo.
Encontro no silêncio
O caminho para o outro,
Para o ente que me completa,
Afastado pelos ventos dos tumultos.

Mas o silêncio nem sempre é mudo,
Nem surda a alma que silencia;
Às vezes, aquele repercute mais alto
Que as mais altas tormentas,
Fazendo com que esta busque,
Desesperadamente, os sons externos,
Porque teme, descontroladamente,
Ouvir-se a si mesma, no silêncio.

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