terça-feira, 20 de abril de 2010

OLHOS NOS OLHOS















Pra mim, os olhos comunicam mais que mil palavras. Eles são aquelas frestas no corpo que nos permitem "brechar" as coisas do coração. São os elos de ligação entre o mundo de dentro e o mundo de fora. São os delatores, os "dedos-duros" da alma: a gente discursa, filosofa, ludibria, impressiona - palavras, palavras, palavras - e, de repente, num momento de vacilo, pronto!!! Os olhos nos entregam.

Pare um pouco! Pense! Sinta! Seus olhos são uma extensão do seu interior, do seu verdadeiro "eu". São, ao mesmo tempo, físicos e metafísicos. Aquilo que você é, ou está sendo, está impresso neles. Regra geral: É assim em todos.

Olhos são órgãos do corpo. Olhos são órgãos da alma. E é nesta segunda proposição que está a essência da comunicação do nosso "eu" para o "eu" dos outros, pois também os olhos dos outros são extensão de suas almas. Olhos nos olhos: almas que se perscrutam mutuamente, que se mostram mutuamente, que, num átimo de tempo, se dão a conhecer. Quando olho nos olhos faço leituras precisas, ao passo que sou, também, lido. Quando olho nos olhos quase não ouço mais as palavras: elas se tornam desnecessárias. É por isso que o mentiroso desvia o olhar: olha pra cima, olha pra baixo, pros lados; não olha pra frente, não olha nos olhos. E, se por acaso, por ser um bom ator (os gregos chamavam os atores de "hipocrites"), olha nos olhos, não o faz sem grandes prejuízos para sua alma, pois fere a ordem natural, violentando-a terrivelmente através de tal processo e despersonificação.

Os que se amam, olham nos olhos. Os que são sinceros, olham nos olhos. Os que amam, olham nos olhos. Os que se colocaram acima da mediocridade, olham nos olhos. Os demais, desviam o olhar.

1 comentários:

Amigo Alexandre,

Bem vindo ao mundo dos escritores!
Com "O Ser e o tempo", você acaba de criar uma estação onde espero parar sempre que puder.
Abraço do interior,

Humberto de Lima.

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